Ela contava-me dos seus flirts, dos seus casos dos últimos meses.
Eu estava com dores menstruais e uma hipoglicemia.
Pior, eu não tinha caso algum para lhe contar.
Com a ajuda do pouco açucar que ainda me chegava ao cérebro, eu ainda dei por mim a tentar lembrar-me de alguma coisa interessante para contar, de preferência da minha vida amorosa pois é sempre um tema espirituoso e engraçado, mas não me ocorreu absolutamente nada.
Nada.
Mas se ela quer saber mesmo sobre mim, eu tenho um cesto cheio de coisas que trouxe de casa da minha avó e que está intacto.
Ponho-o debaixo da janela do quarto, mudo-o para o corredor, trago-o para a sala.
Ali está ele, ainda por despejar, está lá um galo de barcelos, está lá a tesoura que o meu avô deu à minha avó há 50 anos, o proprio cesto foi ela que forrou e coseu uma bolsinha para guardar miudezas.
A hipoglicemia eu curei-a com açucar e hidratos de carbono lentos, as dores menstruais agora resumem-se a uma moinha, destas duas coisas só ficou o corpo moído e cansado.
A minha amiga deixou-me em casa, eu nem a convidei a entrar, sou uma pessoa horrível.
Porque o correcto era eu inventar uma história que metesse um rapaz e um futuro, chegar a casa e despejar o cesto e pôr todos aqueles objectos a uso, na minha vida do dia-a-dia.
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