Eu sou tão egocêntrica que no meio de uma melancolia adolescente consigo achar que estou a reflectir todo um conceito.
Nestas últimas semanas calhou-me o "acolhimento".
Não posso deixar de recordar que muito do que sei sobre acolher devo-o a Taizé.
Tenho estado, ao contrário do que era costume há uns anos, do lado da pessoa que é preciso acolher.
E devo dizer que, por isso, sinto os olhos quentes e vontade de chorar e que choro, quando ninguem está a ver, quando eu própria menos espero.
Porque nos ultimos meses tive várias situações concretas em que me vi desacolhida, desabrigada, sozinha, a tentar integrar-me sem sucesso.
E comecei a reflectir sobre isto: será que eu noto quando há pessoas que é preciso acolher e eu nem ligo se se der o caso de eu nesse momento estar já integrada?
Pensei ainda: isto é mais uma daquelas coisas que faz parte da vida adulta.
O pior é quando eu faço tentativas de integração, respirando fundo, pensando em acções concretas para ultrapassar a minha timidez e depois a pessoa que tenho na frente nem entende que o que eu realmente estou a dizer é: leva-me contigo para esse espaço de pertença, eu quero entrar nessa rodinha e brincar a esse jogo.
Se calhar acolher é manter um espaço em branco no nosso coração para o outro, o estranho, o novo, o sozinho.
E esse espaço nunca se preeenche porque, depois do acolhimento, esse novo passa a estar com os velhos, com os habituais do nosso coração.
Por isso, eu peço hoje nas minhas orações para estar atenta a se aparecer o novo, o estranho, o que vem sempre mas se senta no banco do fundo, se aparecer alguém assim a precisar de um espaço vago no meu coração, que eu o veja e o acolha.
Não é que eu seja boa pessoa, nada disso, é só porque se eu fizer isso, já terei companhia caso me apeteça sair.
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