Hoje acordei sem coração.
Nada me ocorre de sentimental, absolutamente nada.
É um maravilhoso mundo que conheço agora, de grão com bacalhau e a hortelã vivaz na minha cozinha, e sou só uma rapariga que vive e janta sozinha.
Os dias em Junho são grandes e eu, a pensar no Cesário Verde, reflicto em como o campo e a cidade são diferentes, como eu sou diferente do campo agora nestes dias que acordo sem coração na cidade.
Penso também nas wee small hours do frank sinatra e arregaço as calças do pijama porque está mesmo calor.
No meu quintal de certeza que hoje há pirilampos.
Não me confundo, eu não estou "fria", nem "insensível", nada disso.
Quando eu digo que acordei sem coração, apenas quero dizer qualquer coisa como: acordei sem coração.
Perto da minha casa, está a rua Cesário Verde, e eu hoje pensei em ir lá tirar uma foto com ele.
Gostava de dizer-te, Cesário, que arranjaste um nome fixe.
Ce sá ri o.
Queria também dizer-te que acordar sem coração é maravilhoso Cesário, é como um passou bem daqueles sem força. Não quer dizer nada, até se confunde com desprezo mas nada disso, é só um passou bem de pessoas que acordam sem coração.
Confesso-te Cesário, que se eu tivesse acordado com coração, acho que se te visse na rua com esse ar de enfezado que de certeza tinhas, sabes lá o que é o campo, sempre com esses desvios naturo-líricos em vez de ires pela rua direita da decisão, estava eu a dizer, Cesário, se eu tivesse acordado hoje com coração, ia ver-te e talvez desenvolver por ti qualquer coisa, fazer-te tão feliz que nem te punhas a escrever poemas, preferias ficar a ver televisão comigo, e não era ver pirilampos, era ver séries na Fox, entendes?
Mas descansa, eu cheira-me que estou à tua frente emocionalmente, aliás, sinto isso acerca de muita gente, deve ser característica de quem não tem coração.
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