domingo, 24 de janeiro de 2010
Porque gosto eu de Vampire Weekend
Ah os rapazes de Ciência Política.... lavadinhos e cheirosos ma non troppo, com as suas caras de quem foi bem tratado na infância, com cremes da Avene e banhos diários com bons produtos, eficazes e hidratantes, rapazes nascidos já a meio da década de 80, com conhecimentos geográficos de causa, experiências de viagens acumuladas com naturalidade, como se toda a gente conhecesse São Paulo ou Paris; os meus preferidos são os educados, que dizem "com certeza" e "teor", lêem bons livros, autores convenientes, cultura alternativa admitida como a única possível, mas com aquele twist da ciência política, sabem falar sobre governança, Pippa Norris, Carl Schmitt, populismo e falam inglês fluentemente.
Parecem anjinhos, sentados a ler, são quase todos fumadores e têm mochilas caras.
Eu, confesso com algum pudor que já vai desaparecendo, que sempre que aparece um novo eu fico a olhar para ele, a pensar como seria se ele colorisse um pouco a minha solidão.
Nunca poderia ser nada muito sério, embora, francamente, para pouco sério preferia outra coisa que não ciência política, e também porque a pele deles é melhor que a minha, porque em certos dias eu cheiro mal e nunca fui ao Brasil ou Roménia, e tenho um cateter na nádega direita com um tubo e uma bomba de insulina e nem todos os dias isso é charmoso ou atraente.
Além de que gosto de jantar às 20h e essa é a hora os meninos de ciência política devem estar numa tertúlia qualquer a falar sobre coisas que não me apetece muito elencar agora.
Duas coisas importantes:
1 - Num livro do Douglas Coupland, ele fala sobre como não nos prepararam para a solidão que eventualmente sentimos quando adultos. E eu tenho pensado sobre isso e inquiri algumas pessoas que têm maridos \ amigos \ companheiros \ filhos e supostamente não se deveriam sentir sós mas elas dizem-me que também dão por elas sozinhas e eu não as esbofeteio porque deve ser verdade.
A solidão é como quando chove muito e as estradas estão prestes a ser cortadas e uma pessoa vê-se no meio um grande lago onde era uma faixa de rodagem e pensa se deve avançar ou não mas não há nada a fazer porque estamos no carro e o carro é para andar e então eu acho que o meu pai tem razão:
- Nestes dias assim de chuva, se te vires no meio da água, o importante é nunca deixar de acelerar, entendes?
Entendo.
Entendido.
2 - Há uns dois anos atrás levei uma tampa de um rapaz de ciência política e, nesse mesmo dia, fui ao concerto dos Vampire Weekend e dancei muito. Foi bom.
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1 comentário:
The wrong girl, the wrong kind, lalalala...
Bj ana
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