quinta-feira, 11 de março de 2010

Porque é que os bróculos me sabem a mar?

Um dos meus sites preferidos é o site da meteorologia.
Visito-o com muita frequência, há sempre novidades e uma sensação de redução à dimensão humana apenas comparável às horas dedicadas na escola primária à disciplina de meio físico e social.
O www.meteo.pt situa-me.


Um dos meus momentos preferidos é quando me deito no final do dia e solto um suspiro sonoro profundo, fecho os olhos e endireito a minha região sacro ilíaca, até ela ficar confortável e indolor.

Tenho andado a pensar

(quer dizer na verdade pensei nisso umas 4 vezes ao todo mas quando penso numa mesma coisa mais do que 3 vezes, acho que já posso dizer "tenho andado a pensar em" e não "já pensei que")

em escrever a um dos irmãos de Taizé a dizer-lhe que muita gente fala comigo sobre como se sentem sozinhos e sem amigos.

Eu própria tenho andado a pensar sobre a solidão (e aqui esta expressão não podia ser melhor utilizada, já que penso nisto em continuo) já há uns bons meses.

Não cheguei a conclusão nenhuma.

No outro dia, houve reunião de serviço e, numa situação que não me apetece contar, eu achei-me completamente sozinha e incompreendida, como uma adolescente fechada no quarto a ouvir música, ou como uma adulta fechada no quarto a ouvir musica.

E então desci a rua e fui ao jardim (a ouvir musica) e vi dois pombos a dar um beijo com língua.
Inicialmente, pensei que só a minha mente influenciável e influenciada por romances de cordel veria naquele abocanhar mútuo um linguado à moda antiga e deixei-me estar um bom bocado a olhar para eles, que continuavam nuns amassos impressionantes.
Depois, o pombo saltou para cima da pomba e pronto, foi mesmo ali na parte mais desabrigada do jardim do Campo Grande que consumaram o seu amor, restaurando a minha fé nos ensinamentos da natureza.
Ao subir novamente a rua para voltar ao trabalho, ainda parei a observar um melro mas nem sempre se pode ter sorte e já se sabe que os melros só sabem é escolher as cerejas melhores para eles, deixando as piores para as crianças.

Por breves instantes, antes de me lembrar de como às vezes olho para mim de fora e faço um esgar de ligeiro enjoo que permanece por uns dias, desejei ter um blog para poder falar sobre a vida sexual dos pombos e os bróculos que me sabem a pirolitos do mar do algodio.

2 comentários:

M. disse...

Reparar na reactivação do blog de que mais gosto só serve para ampliar o sorriso no meu rosto neste momento de excitação pré-fim-de-semana.

Filipa Rosário disse...

eh um abraço!