quarta-feira, 25 de junho de 2008

BombAmor

Havia em cor de rosa choque, havia em azul metalizado, havia tanslucida... eu fiquei com a cinzenta.

APETECE-ME DIZER MUITAS ASNEIRAS QUANDO PENSO NISTO MAS NÃO O VOU FAZER

Pus uma bomba infusora de insulina paradigm 722 e apaixonei-me por ela, logo na primeira noite, quando era hora de dar a minha sexta injecção do dia e não tive que o fazer, porque tinha a minha querida bomba.
Eu amo a minha bombinha porque, mesmo habituada, afinal doia-me e eu já nem sabia que me doía. E isso é o pior que nos pode acontecer, nós já nem sabermos quando e quanto dói.


Aqui está ela, ligada por um tubo que está ligado a um reservatório de insulina que está ligado a um cateter que eu inseri no meu corpo e que então liga a bomba a mim.

Ando sempre com ela.
A bomba é boa companhia, eu às vezes falo com ela:

- Bombinha, eu sei que começámos um pouco mal por tu não seres colorida mas agora estamos unidas e sabes de coisas que mais ninguém sabe.
Já foste comigo a muitos sítios, vais a todos o lado onde vou. Mas também eu não sou assim muito viajada, não é?
Talvez, bombamor, este verão te leve a Marrocos. Que te parece, xuxu?

Às vezes vais numa coxa mas tu não gostas assim muito da coxa esquerda, pois não? Escorrega mais, não é fofinha?
Pois, deixa, eu ponho-te mais na direita que a mim também me dá mais jeito.

E, bombinha, gostas quando eu ponho o sensor que mede em permanência a minha glicémia através do liquido intersticial? Eu sei que gostas e eu até vou pôr um sensor dentro em breve mas, bombita, sabes que as empresas de dispositivos médicos não podem andar assim a dar sensores, essas coisas são caras...

E eu sei, bomba, que tu tens que ser forte quando as pessoas olham para ti com aquele ar de quem está a conhecer uma versão ultrafeminina do robocop...
Eu sei, meu doce, que não é fácil, bem ouço os teus suspiros de impaciência.
Mas repara, quando vês uma pessoa na rua com uma garrafa de oxigénio também olhas assim com um misto de horror e pena (e eu sei que tu não te dás nada bem com bolhas de ar, desculpa estar a ser tão directa, mas não dás mesmo).

Toma mais um beijinho nesses botõezinhos tão resistentes, minha lindeza, eu sei que te levei à praia e que tu, minha marota, ias fazendo com que as cuecas do meu biquini caissem com o teu peso.
Mas eu prometo que te vou arranjar uma bolsinha para te proteger do calor e para não andares desnuda no meio da areia

Pronto, agora vamos dar um bolus para comer o iogurte, estou orgulhosa de ti, bombamor, porque me aguentaste neste dia quando só me apetecia saber o que dizer e não sabia.
Parece-me, amor de bomba, que eu colho o que semeio e que tenho que começar a semear coisas boas.
Mas, sobretudo, coisa boa da minha vida, que eu percebo muito pouco de hortaliça...


Ai que querida, a bomba está a dizer-me que gosta de mim mas preferia que eu fosse cor de laranja...

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