Chegou a hora do baile e eu queria ter um par para dançar.
De facto, convém escolher um namorado que não se importe de dançar quando é preciso.
A hora do baile nos casamentos é, para mim, muito importante.
É a que me deixa mais pensativa.
Porque a parte de atirar o bouquet já foi desmistificada, já perdeu seriedade, pronto, já não mete medo a ninguém.
Agora dançar no baile do casamento… isso sim, mete respeito. Não é para brincadeiras.
Os casais dançam juntos, as pessoas ficam de fora a observar, por fora parece que acham tudo normal mas eu sei que é através do modo como eles dançam que se vê se eles andam felizes um com o outro ou não.
Os mais atrevidos até poderão aproveitar essa ocasião para desenvolver algum engate iniciado ali no casamento ou ainda antes.
E ainda há uma questão muito importante para mim: é que se come muito nos casamentos e se uma pessoa dançar, sempre fica menos indisposta, ajuda a esmoer e a controlar a glicemia.
Mas eu… serei sempre a amiga/prima afastada/filha do primo/etc, com as roupas esquisitas (segundo dizem porque não é verdade) que é bem disposta e boa pessoa mas que, dado que é a Madalena, ninguém está à espera que apareça com um namorado que dance.
Um dia ainda os hei-de surpreender a todos eles, a todos os familiares e a todos os amigos da rede social da minha terra, e hei-de chegar à hora do baile com um rapaz pouco mais alto que eu, nem magro nem gordo, sem ter cabelo esquisito, vestido normalmente, já de casaco tirado (porque a essa hora já os homens andam todos de camisa), sem estar bêbado mas sem ser dos sóbrios ostensivos, um rapaz que já tenha travado conhecimento com os presentes, que já saibam o nome dele, e ele e eu vamos de mão dada, com ele à frente, até ao sítio onde se dança.
E depois começamos a dançar e ninguém olha como se fosse estranho.
Ninguém vai estranhar porque é só um casal jovem a dançar, parecendo ser felizes, ele a segurar com firmeza nela, dançam bem mas não bem demais, sabem o que estão a fazer, ela a deixar-se levar por ele, às vezes ele diz qualquer coisa e ela lança a cabeça para trás e ri, outras vezes metem-se com os restantes pares e geram simpatia sem forçar, e no final de duas ou três musicas, já cansados, ele, a brincar, fá-la girar, agarra-a contra ele e faz como nos musicais, ela dobra-se para trás, ele beija-a, riem-se com a brincadeira e regressam ao lugar deles, passando pela rapariga excêntrica que os estava a observar como se fosse tudo muito estranho.
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