quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Country feedback: esta música faz-me sempre tremer

É logo nas primeiras páginas que ele fala de como se anda a esquecer das coisas.
Velchaninov diz, mais ou menos, que apagou coisas da memória e que isso está relacionado com o seu estado depressivo.

Pois, pensei eu, é isto mesmo.
Apagar coisas da memória.
Eu faço isso.
Foi como quando a Licinha partiu uma pata e eu perguntei mas como é que isto aconteceu e a minha tia não sabia, não se lembrava.

E a minha mãe, sentada na beirinha da poltrona azul, dizia-me, de olhos fitos no tapete, sou eu que vou ter que sozinha arranjar uma forma de conviver com isto.

O livro, a vida real, e a minha imaginação prodigiosa, levam-me a concluir que, muito provavelmente, eu arranjei uma forma de lidar com certos acontecimentos - em especial traumas amorosos e problemas de relacionamento - apagando-os por completo da minha memória.

Apago e, se por um acaso qualquer, como uma ida ao facebook ou um cheiro num casaco ou mesmo uma conversa, eu recordo por momentos o que aconteceu é tudo muito estranho e assustador.

E mais: se eu me ponho a tentar lembrar de muita coisa, por exemplo, no que diz respeito a relações amorosas, eles, os objectos, misturam-se num só rapaz, num só corpo, com a mesma barriga e a mesma pele, os braços, as vozes ao ouvido, e tudo o resto, é uma grande mistura e eu já não sei que parte pertence a que corpo e a que época da minha vida.

Agora.... quer isto dizer que não sou uma cabra rancorosa?
Claro que não quer dizer nada disso, porque eu sou uma cabra rancorosa!
E tenho dias mundiais da sinceridade, em que, com requintes de malvadez, atinjo todos os que me magoaram com tiros certeiros ao rim, onde dói mais, pois a minha inteligência emocional também me habilita a ser má.

A Licinha foi atropelada pelo aspirador Rainbow e só acabou o tratamento ontem.
Foi isso que aconteceu.

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