terça-feira, 31 de março de 2009

The life persuit ou o teu desinteresse por mim

Estive 4 horas à espera para levantar a minha carta de condução e estava preocupada perante a possibilidade de chegar ao trabalho e ter a minha chefe chateada por causa do atraso.

Deve ter sido por isso que quando entrei de rompante nem vi que aquele senhor que estava nas cópias era ele.

Não desmaiei, nem tive um chilique, se corei foi muito pouco e não ajeitei nem saia nem cabelo.

Fiquei à espera de quando começaria a entrar em pânico mas isso não aconteceu.

Aconteceu pior: percebi que ele tinha ainda mais medo de mim do que eu dele.
Quando me aproximei dele, perguntei se ia ficar mais tempo, ele explicou-me logo que tinha que ir antes das 7 (porque pensou que seria essa a minha hora de saída).
Percebi que ele estava preocupado com isso, não fosse a minha cabecinha começar a imaginar que iríamos sair juntos e conversar...

Medo de mim.

Mais tarde começaram as desculpas: por não saber que eu tinha defendido a tese, por não se lembrar do tema da tese, por eu ter feito anos e não me ter dado os parabéns.
Tive que lhe explicar, de braços abertos, numa postura bem expressiva que isso não fazia sentido, porque haveria ele de saber os meus anos, porque haveria ele de me dar os parabéns?
-Não é assim que funciona.



[Estava um vento gelado quando saí.
Encontrei um amigo meu, perguntou-me onde eu ia.
Ao Colombo.
Quando já estava na paragem do autocarro, ele manda mensagem, depois liga, a saber se já estou a ir, que se eu for só passear, sem nada combinado, que pode ir comigo.
Disse que tinha já combinado coisas, que ficava para outro dia.

Lembro-me sempre de uma canção dos ornatos, o coisas, se não estou em erro, em que ele canta: quando alguém deixar de te dar amor, pensa que há quem viva do teu calor.
Bastante adolescente mas para mim serve.
Pensei que a vida era assim mesmo, que o manel cruz tem razão.
Este pequeno acontecimento ajudou-me a olhar para mim vista de fora, serviu-me de consolo mas mais ainda de preocupação.]



No vento frio, senti a minha auto estima cair no chão e não me baixei para a levantar.

Ele pareceu-me que estava mais giro, não gostei nem dos sapatos nem das calças mas o resto estava bem.

Tento sempre arranjar uma narrativa, um texto, uma imagem, uma parabola porque preciso disso para perceber, explicar ao espelho e aos amigos e pronto, curar a ferida.
Mas...

Eu sei lá.
Sei lá.

Só sei que quando eu souber, já não vou ter vontade de lhe dizer.






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