segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Ainda não sei se gosto de Setembro mas acho que sim, que é muito bonito

Elias, que era muito famoso, foi procurar Deus no monte Horeb, que era onde Deus estava sempre.
E depois, pareceu-lhe ouvir qualquer coisa, veio um grande vento mas Deus não estava no vento. E veio um grande fogo mas de Deus nem sinal. Penso que ainda veio uma grande trovoada mas Deus também não estava na trovoada.
Veio depois o silêncio e a brisa e, claro, está-se mesmo a ver que era aí que Deus estava.

Pois nem sempre esta história me parece boa.

Eu dou por mim, quando não estou a tentar encontrar deus mas estou só a tentar resolver problemas emocionais - relações à distância e essas coisas - dou então por mim a fazer caixas de pasteleiro, chapéus, barcos e quantos-queres com bocados de papel que deixo aqui na minha mesa (e até lá no trabalho) para quando começo a ficar ansiosa.

Segundo me explicaram, o cérebro gosta de aprender estas coisas manuais e depois pratica-las.
A mim, acalma-me mas reconheço que me alarmo quando olho para a minha mesa de trabalho cheia de origamis básicos para quem não gosta de origamis mas gosta de fazer trabalhos manuais.

Eu fico nervosa com várias coisas, tenho 28 anos e já arranjei uns lenitivos bem eficazes que me ajudam bastante mas que têm um senão - é o silêncio.
Porque quando eu fico muito nervosa, eu não falo, eu faço caixas de pasteleiro com pedaços do lixo, e faço-as em silêncio, a respirar violência, a sentir um fogo, um trovão e uma ventania daquelas dentro do meu peito e também nas pernas e nos ombros. Nesses momentos, eu visualizo-me a dar pontapés e murros como nos filmes, em geral a vítima é o meu interlocutor, mas se calhar se eu for a ver bem, a vitima sou eu, a primeira a ser agredida sou eu e estou só a defender-me, recortando rectângulos para as caixinhas saírem perfeitas.

Se eu fosse ao monte Horeb, neste dia de sol, eu dizia ao Elias: não achas que esta coisa de escutar o silêncio é uma grande parvoíce? Vamos antes ouvir música. E o Elias dizia-me: sim, mas não me agridas.

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