terça-feira, 29 de setembro de 2009

"O-o-old habits die hard when you got a sentimental heart "

Ia a pensar na estranha insistência das pessoas da cidade em apregoar que o correcto é esterilizar animais como a minha gata Jonas, que emprenham sempre pela altura do cio, quando vi no chão um botãozinho em forma de rosa vermelha, de plástico cor-de-rosa.

Parei, e olhei para ele.
Ele olhou para mim.

Não o apanhei e achei que tinha chegado à idade adulta.
Adulta não, antes medrosa, medricas, mandriona e chata. Não me quis agachar, mexer no chão mas ainda hoje me lembro dele e arrependo-me de não o ter apanhado.

Se calhar o amor é mesmo a Celine Dion a guinchar-me que está ready to learn the power of love de um radio qualquer na Catalunha, eu só ando a ver se me mantenho aberta a todas as inovações, desde que sejam para melhor.
Neste sentido, abro o meu coração à perspectiva de não saber de todo o que é amar, o amor, receber amor, sei lá o que digo, mas sei que até agora até tem estado a ser bom.

Só que em caso de dúvida ou de persistência de certos sintomas deve consultar-se o médico e foi mais ou menos por isto que dei por mim, nessa tarde em que deixei o meu botão de rosa sozinho no chão do jardim do Campo Grande abandonado à sua sorte, a pensar em fazer terapia, eu que nem acredito em terapia, mas agora como ando nesta coisa meio idiota, meio existencialista, meio libertadora, meio assustadora de colocar em causa e relativizar muita coisa que eu achava saber, porque não ir a um terapeuta e dizer-lhe que
suspeito que tenho um problema.

(aqui faço uma pausa e respiro fundo - uso depois as mãos para enfatizar a minha reflexão)

Nos momentos de uma relação em que eu pressinto que é preciso tomar uma decisão que a faça evoluir e a bola está do meu lado, eu bloqueio, ou finjo que bloqueio

(aqui uma risada para induzir o terapeuta a gostar de mim porque eu tenho necessidade que toda a gente goste de mim),

eu sou preguiçosa e vou pelo caminho mais fácil que é terminar tudo, engonhando um bocado antes mas depois acabando com tudo e pronto.

(aqui eu faço uma cara séria e introspectiva, talvez um queixinho a tremer na promessa de uma lágrima e continuo, em jeito de conclusão)

Eu sei. eu sei que que isto de "tomar decisões"

(gesto das aspas)

é uma ilusão, é uma coisa que eu crio na minha cabeça, uma pressão sobre a minha vida...

(talvez aqui o terapeuta queira dizer alguma coisa e por isso calo-me um bocado mas depois continuo)

O melhor é viver, e não meta viver, não é?

(aqui faço um sorriso triste e olho para o infinito e penso, ganhei esta merda toda, ganhei no jogo da terapia, fui mais longe que o terapeuta, com esta do meta viver é que o lixei)

Termina a sessão e vejo que fez efeito quando penso:
Que se lixe, venha o Phil Collins, eu quero ser como a Celine e estar ready para aprender o power do amor, sem que isso me dê vontade de fugir e de rir, não necessariamente por esta ordem.

1 comentário:

Anónimo disse...

acho que se pensas assim tão facilmente um terapeuta, não estás pronta para a terapia ;)
Beijinhos
ana