
Recordaram na RADAR que o album dos Ornatos faz 10 anos.
Fui ouvi-lo.
Ando bem mais rock que folk embora a noite passada tenha sonhado com gatinhos (sonhei que andava um gatinho nas traseiras do meu quarto que eu teria que adoptar - e seríamos felizes os dois a ver televisão ou a costurar - e depois acordei a sentir lambidelas nos meus dedos que pensei que fossem da Jonas mas a Jonas continuou no quintal e eu já não moro no quintal - este sonho deu-me logo em que pensar durante uma boa meia hora).
Num devaneio de domingo à noite, mandei-lhe um mail cheio de desabafos íntimos sobre os meus problemas em que terminava com uns belos paragrafos melolíricos acerca das minhas questões com ele e com a nossa relação.
E na segunda de manhã, as coisas pareciam bem menos sombrias na minha cabeça, já que na noite anterior tinha pegado na minha escuridão e, embrulhando-a num cocktail molotov em forma de mail, mandei-a com toda a força para cima dele, acertando-lhe em cheio.
E quem sou eu para te ensinar agora
A ver o lado claro de um dia mau
Não sou flor que se cheire.
Mas claro que agora estou triste.
Eu sei
A tua vida foi
Marcada pela dor de não saber aonde dói
Já tive que estragar tudo.
E agora não sei bem que fazer.
Mas para quê gastar o meu tempo
A ver se aperto a tua mão
Houve alguma precipitação da minha parte.
Esta coisa de abrir o coração nem sempre funciona.
O que eu quis mostrar ao mundo
Era tão forte e tão profundo
Eu quase me afoguei na emoção
Voltei ao que sempre fui.
Tenho algum medo do que possa acontecer.
Eu fui tão mau para mim
Eu fui tão pouco para nós
Bem que o meu pai quase me avisou
Começo agora a medir o trauma futuro.
Não tarda vou dizer que "a culpa foi minha".
Pra viver
E gostar
De gostar
De viver
Pra fugir
Pra mostrar
Pra dizer
Pra ter paz
Pra dormir
Pra fingir acordar
Para ser
Derramar
Para nunca mais tentar
Mentir
Sem comentários:
Enviar um comentário