Pensei em dizer: não venhas, estou demasiado carente.
Se vieres e me perguntares, então tudo bem?, eu vou começar por te falar acerca da minha necessidade imperiosa de fazer um discurso dramático acerca da minha vida antes de qualquer conversa espirituosa.
Digo: preciso de contar tudo, entendes, falar muito.
Sobre histórias de há dois meses, sobre histórias de há duas semanas, sobre hoje à noite ter tido um pesadelo e acordar de barriga para cima com uma hipoglicemia, ir à casa de banho e bater com a cana do nariz no lavatório, ter achado que parti o nariz e ter começado a rir porque estava a ser maricas.
Vou falar uma hora, talvez uma hora e meia, e durante essa palestra, pode acontecer que eu introduza algumas frases, talvez ilustradas com gestos corporais, mostrando subtilmente a minha carência afectiva.
Sempre com vergonha porque podes descobrir que gostava que me ouvisses até ao fim de tudo aquilo que tenho para dizer
Eu não vou querer saber do que possas ter para contar, isso só me pode interessar na medida em que possa pegar nalguma coisa que digas para recomeçar a contar-te como tem sido isto aqui.
Não vou falar sobre ti, aconteceram coisas graves na minha vida e houve mesmo pensamentos que tive que gostava de partilhar sobre, por exemplo, os lenitivos do quotidiano a uma segunda feira.
Assim, porque é isto que sinto e não vale a pena agora florear muito, entre dizer-te que viesses ou dizer-te que não viesses, eu fiquei calada.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Alminhas na minha mochila e tu choras porquê?
Hoje é que dia mesmo?
É quarta.
Esfrego os olhos debaixo dos óculos, estou mais calma, e mais animada.
É com alívio que me acho assim.
Tenho vindo a pensar nos motivos pelos quais as pessoas choram.
Porque parece-me que já quase ninguém pára nas alminhas, tira o chapéu, inclina-se respeitosamente perante o desarmante destino e reza um pai nosso.
(Falo como se tivesse havido um tempo assim, é o "dantes". "Dantes" era um tempo favorável, "agora" as pessoas mudaram, "agora" as pessoas não são como "dantes").
Penso na Joni Mitchell e penso naquela parte da letra do Circo de Feras, em que ele espera por ela no fundo da rua, a pensar na sua sorte.
Fiquei sozinha com uma colega à hora de almoço.
Perguntou-me por que razão eu estava sozinha, disse que lhe parecia que eu tinha sido magoada pelos homens.
Confesso: corroborei a sua teoria, validando-a com um ar de mulher magoada, enquanto lavava o tupperware do almoço.
Expliquei que tinha medo.
Disse, quase baixinho, confesso que tenho medo porque estreitei o coração.
Aos vinte anos, o amor é maior, uma pessoa entrega-se mais.
(ela concordou)
Depois, é difícil encontrar alguém decente, parece que tudo me faz confusão, esta gente toda baralha-me porque não entendo as suas intenções, não entendo o que se passa com as pessoas e tenho a impressão de que me falta muita da informação necessária para poder vingar no mundo dos relacionamentos, entendes?
(aqui ela fez um ar de quem não estava a perceber, e na verdade nem eu entendia de que raio estava a falar, era melhor dizer a verdade e acabar com a conversa sufocante de uma vez:)
Não encontro ninguém com quem corra bem, é por isso que estou sozinha.
Já quando ela não me ouvia eu disse: de qualquer modo, eu ainda estou parada diante de umas alimhas que encontrei no caminho, a ver se chega a hora de voltar a pôr o chapéu e continuar.
É quarta.
Esfrego os olhos debaixo dos óculos, estou mais calma, e mais animada.
É com alívio que me acho assim.
Tenho vindo a pensar nos motivos pelos quais as pessoas choram.
Porque parece-me que já quase ninguém pára nas alminhas, tira o chapéu, inclina-se respeitosamente perante o desarmante destino e reza um pai nosso.
(Falo como se tivesse havido um tempo assim, é o "dantes". "Dantes" era um tempo favorável, "agora" as pessoas mudaram, "agora" as pessoas não são como "dantes").
Penso na Joni Mitchell e penso naquela parte da letra do Circo de Feras, em que ele espera por ela no fundo da rua, a pensar na sua sorte.
Fiquei sozinha com uma colega à hora de almoço.
Perguntou-me por que razão eu estava sozinha, disse que lhe parecia que eu tinha sido magoada pelos homens.
Confesso: corroborei a sua teoria, validando-a com um ar de mulher magoada, enquanto lavava o tupperware do almoço.
Expliquei que tinha medo.
Disse, quase baixinho, confesso que tenho medo porque estreitei o coração.
Aos vinte anos, o amor é maior, uma pessoa entrega-se mais.
(ela concordou)
Depois, é difícil encontrar alguém decente, parece que tudo me faz confusão, esta gente toda baralha-me porque não entendo as suas intenções, não entendo o que se passa com as pessoas e tenho a impressão de que me falta muita da informação necessária para poder vingar no mundo dos relacionamentos, entendes?
(aqui ela fez um ar de quem não estava a perceber, e na verdade nem eu entendia de que raio estava a falar, era melhor dizer a verdade e acabar com a conversa sufocante de uma vez:)
Não encontro ninguém com quem corra bem, é por isso que estou sozinha.
Já quando ela não me ouvia eu disse: de qualquer modo, eu ainda estou parada diante de umas alimhas que encontrei no caminho, a ver se chega a hora de voltar a pôr o chapéu e continuar.
domingo, 18 de janeiro de 2009
O lugar do descontrolo ou o que se aprende num salão de jogos
Quando eu pensava que o auge emocional do meu sábado tinha sido pelas 19h15, ao ouvir uma adolescente contar-me um segredo terrivel, ao final da noite sei de uma notícia familiar que me destroça.
A minha mãe, mais uma vez, não me deixa chorar.
Desta vez imponho-me: por favor, deixa-me chorar, deixa-me chorar, deixa-me chorar, deixa os outros chorar.
- Devias ir ajudar, devias ir dar o teu testemunho em como a vida continua, em como é possível viver com uma doença crónica.
Não sou capaz.
Lembro-me do meu tão querido Isaías, a quem Deus ensinou o que se deve dizer para saber dar uma palavra de alento a quem anda desanimado. Deus todos os dias desperta os ouvidos de Isaías para que este o oiça e dê depois coragem aos desesperados, dizendo que dias melhores virão.
Descontrolo-me um bocado, fico parada no sítio do horror, tenho insónias.
Peço a Deus: por favor ajuda-me a não flipar.
Eu não quero ser a bolinha dos Flippers, empurrada, violentada por todo o lado, acabando por cair no abismo das bolinhas, que jogo tão violento.
Penso na bolinha de Flippers e fico mais calma.
Eu não sou Isaías mas também não sou a bolinha.
Na cozinha da minha irmã, levo a mão à testa, esfregando-a com alguma violência, e digo: estou cansada.
A minha mãe, mais uma vez, não me deixa chorar.
Desta vez imponho-me: por favor, deixa-me chorar, deixa-me chorar, deixa-me chorar, deixa os outros chorar.
- Devias ir ajudar, devias ir dar o teu testemunho em como a vida continua, em como é possível viver com uma doença crónica.
Não sou capaz.
Lembro-me do meu tão querido Isaías, a quem Deus ensinou o que se deve dizer para saber dar uma palavra de alento a quem anda desanimado. Deus todos os dias desperta os ouvidos de Isaías para que este o oiça e dê depois coragem aos desesperados, dizendo que dias melhores virão.
Descontrolo-me um bocado, fico parada no sítio do horror, tenho insónias.
Peço a Deus: por favor ajuda-me a não flipar.
Eu não quero ser a bolinha dos Flippers, empurrada, violentada por todo o lado, acabando por cair no abismo das bolinhas, que jogo tão violento.
Penso na bolinha de Flippers e fico mais calma.
Eu não sou Isaías mas também não sou a bolinha.
Na cozinha da minha irmã, levo a mão à testa, esfregando-a com alguma violência, e digo: estou cansada.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Agora nem com muçulmanos me posso casar
A roupa deve ser confortável permitindo um elevado grau de mobilidade e, ao mesmo tempo, expressar qualquer coisa como "eu hoje quero mesmo é que me amem mas discretamente".
Eu uso combinação para que os vestidos assentem melhor e para que a mobilidade seja maior.
Faço-lhes um furo, e outro furo no bolso direito do vestido (tento compra-los com bolsos pois assim posso pôr as mãos nos bolsos para não ter que comunicar tanto com o corpo e posso usar a bomba com mais conforto e posso ainda guardar coisas como trocos ou as minhas listinhas de tarefas ou lenços ranhosos, evitando assim coloca-los dentro das mangas).
Contudo, mesmo com estes cuidados, as várias camadas de roupa que visto enrodilham-se, a combinação sobe, a camisola de dentro não está bem presa, os collants estão a cair, o vestido pende com o peso da bomba, tenho 3 sacos na mão, uma mala a tiracolo, um gorro a picar-me a testa e subo a Av. EUA.
São cerca de 20h30 e estou a pensar sobre a vida.
O que faço para o jantar e almoço, pode ser peixinho, o que tenho para fazer da lida da casa, o que poderei eu fazer pelos outros já que há um ano que não estou inserida em nenhuma actividade comunitária, o nevoeiro cheira a enxofre, ter que gostar de toda a gente é uma ideia romântica, eu no fundo sou sentimental mas não gosto de cerca de 70% das pessoas, vá lá, 67% em momentos de sol, ele devia levar a namorada ao jantar, o outro é um parvo e mexe as nádegas de uma forma ridícula, tenho mesmo que cortar o cabelo, amanhã vou levantar-me cedo e vou arranjar uma roupa de grau maximo de mobilidade porque eu, apesar de dizer a toda a gente o contrário, estou estalando por me meter em sarilhos.
Eu uso combinação para que os vestidos assentem melhor e para que a mobilidade seja maior.
Faço-lhes um furo, e outro furo no bolso direito do vestido (tento compra-los com bolsos pois assim posso pôr as mãos nos bolsos para não ter que comunicar tanto com o corpo e posso usar a bomba com mais conforto e posso ainda guardar coisas como trocos ou as minhas listinhas de tarefas ou lenços ranhosos, evitando assim coloca-los dentro das mangas).
Contudo, mesmo com estes cuidados, as várias camadas de roupa que visto enrodilham-se, a combinação sobe, a camisola de dentro não está bem presa, os collants estão a cair, o vestido pende com o peso da bomba, tenho 3 sacos na mão, uma mala a tiracolo, um gorro a picar-me a testa e subo a Av. EUA.
São cerca de 20h30 e estou a pensar sobre a vida.
O que faço para o jantar e almoço, pode ser peixinho, o que tenho para fazer da lida da casa, o que poderei eu fazer pelos outros já que há um ano que não estou inserida em nenhuma actividade comunitária, o nevoeiro cheira a enxofre, ter que gostar de toda a gente é uma ideia romântica, eu no fundo sou sentimental mas não gosto de cerca de 70% das pessoas, vá lá, 67% em momentos de sol, ele devia levar a namorada ao jantar, o outro é um parvo e mexe as nádegas de uma forma ridícula, tenho mesmo que cortar o cabelo, amanhã vou levantar-me cedo e vou arranjar uma roupa de grau maximo de mobilidade porque eu, apesar de dizer a toda a gente o contrário, estou estalando por me meter em sarilhos.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Na minha festa dos 16 anos, eu dançava o sub-16 dos GNR
Nasci a um domingo.
O meu pai estava a trabalhar e a minha mãe, como era o terceiro filho, não foi para o hospital muito cedo.
Eu ia nascendo no caminho para Torres Vedras mas o meu pai tinha tudo preparado no carro para fazer o parto, caso fosse necessário.
Não foi.
A minha mãe, segundo me contam todos os anos, nem teve tempo de tirar a camisola.
Por esta altura do relato, começam as duvidas acerca de onde essa dita camisola andará, tinha uma lã excelente e era azul forte ou vermelha.
Nasci pelas 22h.
Soube anos mais na tarde, numa sessão de catequese em que a minha mãe estava a explicar os erros da Igreja em relação à contracepção e, ao mesmo tempo, a explicar que um dos problemas de abortar era não sabermos o futuro dessa pessoa que está para nascer, pois foi nessa sessão que descobri que era filha do Ogino.
A minha mãe deu-me como exemplo de:
a) da falibilidade do método natural
b) do erro do aborto
Ainda hoje os meus colegas de catequese gozam comigo.
Mas a minha mãe diz-me que só chorou uns 3 dias quando soube que estava grávida.
Depois ficou feliz e eu fui muito fácil de criar.
Por esta altura o meu pai diz aos presentes: Ela criou-se sozinha, nem demos por ela se criar. Era impressionante como ela era independente.
E a minha mãe acrescenta: e só fazia o que queria.
Passava os dias no quintal, de manhã à noite.
Nem vinha a casa para ir à casa de banho.
É natural que esta conversa também surja neste dia 11, quando vou fazer 28 anos de pessoa amada e viva.
Mas hoje de manhã eu deitei fora a batata doce.
Foi ainda a minha avó que a arranjou.
Ela cresceu muito e tinha folhagem luxuriante e verde, bem linda.
Mas eu cortei-a a pensar que isso era o melhor para ela, que ela assim ia crescer mais.
Mas ela morreu.
E eu não me criei sozinha.
O meu pai estava a trabalhar e a minha mãe, como era o terceiro filho, não foi para o hospital muito cedo.
Eu ia nascendo no caminho para Torres Vedras mas o meu pai tinha tudo preparado no carro para fazer o parto, caso fosse necessário.
Não foi.
A minha mãe, segundo me contam todos os anos, nem teve tempo de tirar a camisola.
Por esta altura do relato, começam as duvidas acerca de onde essa dita camisola andará, tinha uma lã excelente e era azul forte ou vermelha.
Nasci pelas 22h.
Soube anos mais na tarde, numa sessão de catequese em que a minha mãe estava a explicar os erros da Igreja em relação à contracepção e, ao mesmo tempo, a explicar que um dos problemas de abortar era não sabermos o futuro dessa pessoa que está para nascer, pois foi nessa sessão que descobri que era filha do Ogino.
A minha mãe deu-me como exemplo de:
a) da falibilidade do método natural
b) do erro do aborto
Ainda hoje os meus colegas de catequese gozam comigo.
Mas a minha mãe diz-me que só chorou uns 3 dias quando soube que estava grávida.
Depois ficou feliz e eu fui muito fácil de criar.
Por esta altura o meu pai diz aos presentes: Ela criou-se sozinha, nem demos por ela se criar. Era impressionante como ela era independente.
E a minha mãe acrescenta: e só fazia o que queria.
Passava os dias no quintal, de manhã à noite.
Nem vinha a casa para ir à casa de banho.
É natural que esta conversa também surja neste dia 11, quando vou fazer 28 anos de pessoa amada e viva.
Mas hoje de manhã eu deitei fora a batata doce.
Foi ainda a minha avó que a arranjou.
Ela cresceu muito e tinha folhagem luxuriante e verde, bem linda.
Mas eu cortei-a a pensar que isso era o melhor para ela, que ela assim ia crescer mais.
Mas ela morreu.
E eu não me criei sozinha.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
A good man is hard to find
Vem ter comigo um rapaz que ofereceu uma viagem a uma amiga minha porque a achou bonita.
Diz-me que tem uma coisa para me contar.
Não me apetecia ser confidente, mas vá, vamos, eu sou mesmo assim, ponho as pessoas à vontade, vamos lá, desço a rua contigo.
Eis se não quando, depois de alguma conversa sem interesse para aqui, ele começa a dizer-me que, nas vésperas de Natal, eu lhe dei dois beijinhos e lhe desejei um bom Natal e que ele se sentiu tocado...
Nem deixei que ele continuasse:
- Ouve o que eu te digo, vais aprender muito comigo: quando te dão dois beijinhos é porque não querem nada contigo.
Ele ainda tentou argumentar contra a minha teoria mas não teve hipoteses.
Fui para casa a pensar: então quer dizer que comigo não é preciso oferecer viagens, basta dizer que se sente tocado pelos meus votos de bom Natal?
Depois veio o dilema moral: conto ou não à minha amiga que o seu ex-qualquer-coisa-que-eles-foram tentou conquistar-me não através de bajulações exageradas mas antes por conversas francas sem pingo de romance?
Vou contar, decidi eu.
Contudo, preferia ser a rapariga-mulher bonita que mostra pouco os dentes e a quem oferecem viagens por ter boas pernas.
(é claro que, na verdade, não preferia mas depois penso na minha figura, de dedo espetado para a cara assustada do rapaz, a discorrer acerca da teoria dos dois beijinhos, ao frio, numa paragem de autocarro qualquer, ele a perguntar mas e se os dois beijinhos forem a única hipotese de te aproximares, e se deres só um em vez de dois, e eu continuava a dizer-lhe que não, que eu sabia muito bem que eu tinha toda a razão, que essa era a minha forma de perceber que não gostam de mim de uma forma sexual, e que a situação dos dois beijinhos que lhe dei a ele na festa de Natal são mais uma prova de que tenho razão.)
E depois outra coisa que me aborreceu foi que eu estava \ estou sem paciência para este tipo de abordagem inconsequente e que se traduz em posts desinspirados.
E acho que aos vinte anos uma pessoa se apaixona com maior profundidade e maior largura.
Porque agora acho que o meu amor se estreita.
Diz-me que tem uma coisa para me contar.
Não me apetecia ser confidente, mas vá, vamos, eu sou mesmo assim, ponho as pessoas à vontade, vamos lá, desço a rua contigo.
Eis se não quando, depois de alguma conversa sem interesse para aqui, ele começa a dizer-me que, nas vésperas de Natal, eu lhe dei dois beijinhos e lhe desejei um bom Natal e que ele se sentiu tocado...
Nem deixei que ele continuasse:
- Ouve o que eu te digo, vais aprender muito comigo: quando te dão dois beijinhos é porque não querem nada contigo.
Ele ainda tentou argumentar contra a minha teoria mas não teve hipoteses.
Fui para casa a pensar: então quer dizer que comigo não é preciso oferecer viagens, basta dizer que se sente tocado pelos meus votos de bom Natal?
Depois veio o dilema moral: conto ou não à minha amiga que o seu ex-qualquer-coisa-que-eles-foram tentou conquistar-me não através de bajulações exageradas mas antes por conversas francas sem pingo de romance?
Vou contar, decidi eu.
Contudo, preferia ser a rapariga-mulher bonita que mostra pouco os dentes e a quem oferecem viagens por ter boas pernas.
(é claro que, na verdade, não preferia mas depois penso na minha figura, de dedo espetado para a cara assustada do rapaz, a discorrer acerca da teoria dos dois beijinhos, ao frio, numa paragem de autocarro qualquer, ele a perguntar mas e se os dois beijinhos forem a única hipotese de te aproximares, e se deres só um em vez de dois, e eu continuava a dizer-lhe que não, que eu sabia muito bem que eu tinha toda a razão, que essa era a minha forma de perceber que não gostam de mim de uma forma sexual, e que a situação dos dois beijinhos que lhe dei a ele na festa de Natal são mais uma prova de que tenho razão.)
E depois outra coisa que me aborreceu foi que eu estava \ estou sem paciência para este tipo de abordagem inconsequente e que se traduz em posts desinspirados.
E acho que aos vinte anos uma pessoa se apaixona com maior profundidade e maior largura.
Porque agora acho que o meu amor se estreita.
domingo, 4 de janeiro de 2009
De Janeiro em fora, conta uma hora. E quem bem contar, hora e meia há-de achar.
Na verdade, o Inverno só começou há poucos dias.
Andei muitas horas a pé no primeiro dia do ano e hoje já é dia 4.
A meio de uma das caminhadas, falando calmamente sobre acontecimentos sérios, a minha irmã dizia-me que, desde muito nova, tinha aprendido a importância de não desperdiçar a vida.
Se a conversa não fosse tão profunda, eu ter-lhe-ia dito: por favor não vais citar a Mafalda Veiga nesta noite tão agradável...
Mas a conversa era sincera e eu disse antes que muitas vezes sentia um grande remorso, uma impressão de que, por inseguranças e medos, de que vivia menos do que podia.
Aí ela parou a marcha e disse: mas não é nesse sentido que eu falo em desperdiçar. A mim o que me assusta é desperdiçar o presente, é não perceber que no momento que estou a viver, estou a ser abençoada por muitas coisas boas.
Prosseguimos a marcha.
O meu cunhado interpôs que havia momentos do presente que não lhe interessavam viver.
A minha irmã concordou mas continuou a desenvolver a sua ideia acerca de que, se é altura para dar colo a crianças, dá-se-lhes esse colo mesmo com vozes a dizer que colo a mais estraga ou se é altura de ir comprar flores, compram-se flores (ela é um bocado floral..) mesmo que digam que é mais importante estudar. Porque as crianças deixam de ser crianças e as flores têm a sua época.
E não viver o presente é o que pode causar maiores culpas.
Eu fiquei a pensar no meu remorso, na minha impressão de que me estou a conter na vida por ser medrosa e envergonhada e porque não assumo o que realmente quero e ponderei a outra perspectiva, acerca do desperdício, que a minha irmã apresentou.
Fiz isto sem parar de andar.
Sempre a andar.
Não concluí nada, mas quis guardar tudo no coração.
Quero ser uma mulher sábia, pensei eu.
Acho que é isso que quero.
Uma mulher sábia com um bom corte de cabelo.
Foi, de facto, um bom dia para andar a pé.
E havia coisas sobre as quais era preciso falar.
Andei muitas horas a pé no primeiro dia do ano e hoje já é dia 4.
A meio de uma das caminhadas, falando calmamente sobre acontecimentos sérios, a minha irmã dizia-me que, desde muito nova, tinha aprendido a importância de não desperdiçar a vida.
Se a conversa não fosse tão profunda, eu ter-lhe-ia dito: por favor não vais citar a Mafalda Veiga nesta noite tão agradável...
Mas a conversa era sincera e eu disse antes que muitas vezes sentia um grande remorso, uma impressão de que, por inseguranças e medos, de que vivia menos do que podia.
Aí ela parou a marcha e disse: mas não é nesse sentido que eu falo em desperdiçar. A mim o que me assusta é desperdiçar o presente, é não perceber que no momento que estou a viver, estou a ser abençoada por muitas coisas boas.
Prosseguimos a marcha.
O meu cunhado interpôs que havia momentos do presente que não lhe interessavam viver.
A minha irmã concordou mas continuou a desenvolver a sua ideia acerca de que, se é altura para dar colo a crianças, dá-se-lhes esse colo mesmo com vozes a dizer que colo a mais estraga ou se é altura de ir comprar flores, compram-se flores (ela é um bocado floral..) mesmo que digam que é mais importante estudar. Porque as crianças deixam de ser crianças e as flores têm a sua época.
E não viver o presente é o que pode causar maiores culpas.
Eu fiquei a pensar no meu remorso, na minha impressão de que me estou a conter na vida por ser medrosa e envergonhada e porque não assumo o que realmente quero e ponderei a outra perspectiva, acerca do desperdício, que a minha irmã apresentou.
Fiz isto sem parar de andar.
Sempre a andar.
Não concluí nada, mas quis guardar tudo no coração.
Quero ser uma mulher sábia, pensei eu.
Acho que é isso que quero.
Uma mulher sábia com um bom corte de cabelo.
Foi, de facto, um bom dia para andar a pé.
E havia coisas sobre as quais era preciso falar.
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