Quando eu pensava que o auge emocional do meu sábado tinha sido pelas 19h15, ao ouvir uma adolescente contar-me um segredo terrivel, ao final da noite sei de uma notícia familiar que me destroça.
A minha mãe, mais uma vez, não me deixa chorar.
Desta vez imponho-me: por favor, deixa-me chorar, deixa-me chorar, deixa-me chorar, deixa os outros chorar.
- Devias ir ajudar, devias ir dar o teu testemunho em como a vida continua, em como é possível viver com uma doença crónica.
Não sou capaz.
Lembro-me do meu tão querido Isaías, a quem Deus ensinou o que se deve dizer para saber dar uma palavra de alento a quem anda desanimado. Deus todos os dias desperta os ouvidos de Isaías para que este o oiça e dê depois coragem aos desesperados, dizendo que dias melhores virão.
Descontrolo-me um bocado, fico parada no sítio do horror, tenho insónias.
Peço a Deus: por favor ajuda-me a não flipar.
Eu não quero ser a bolinha dos Flippers, empurrada, violentada por todo o lado, acabando por cair no abismo das bolinhas, que jogo tão violento.
Penso na bolinha de Flippers e fico mais calma.
Eu não sou Isaías mas também não sou a bolinha.
Na cozinha da minha irmã, levo a mão à testa, esfregando-a com alguma violência, e digo: estou cansada.
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