Nasci a um domingo.
O meu pai estava a trabalhar e a minha mãe, como era o terceiro filho, não foi para o hospital muito cedo.
Eu ia nascendo no caminho para Torres Vedras mas o meu pai tinha tudo preparado no carro para fazer o parto, caso fosse necessário.
Não foi.
A minha mãe, segundo me contam todos os anos, nem teve tempo de tirar a camisola.
Por esta altura do relato, começam as duvidas acerca de onde essa dita camisola andará, tinha uma lã excelente e era azul forte ou vermelha.
Nasci pelas 22h.
Soube anos mais na tarde, numa sessão de catequese em que a minha mãe estava a explicar os erros da Igreja em relação à contracepção e, ao mesmo tempo, a explicar que um dos problemas de abortar era não sabermos o futuro dessa pessoa que está para nascer, pois foi nessa sessão que descobri que era filha do Ogino.
A minha mãe deu-me como exemplo de:
a) da falibilidade do método natural
b) do erro do aborto
Ainda hoje os meus colegas de catequese gozam comigo.
Mas a minha mãe diz-me que só chorou uns 3 dias quando soube que estava grávida.
Depois ficou feliz e eu fui muito fácil de criar.
Por esta altura o meu pai diz aos presentes: Ela criou-se sozinha, nem demos por ela se criar. Era impressionante como ela era independente.
E a minha mãe acrescenta: e só fazia o que queria.
Passava os dias no quintal, de manhã à noite.
Nem vinha a casa para ir à casa de banho.
É natural que esta conversa também surja neste dia 11, quando vou fazer 28 anos de pessoa amada e viva.
Mas hoje de manhã eu deitei fora a batata doce.
Foi ainda a minha avó que a arranjou.
Ela cresceu muito e tinha folhagem luxuriante e verde, bem linda.
Mas eu cortei-a a pensar que isso era o melhor para ela, que ela assim ia crescer mais.
Mas ela morreu.
E eu não me criei sozinha.
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