domingo, 21 de setembro de 2008

Este ano não vou vindimar

Passei o fim de semana a ouvir.
Eu também falei, mas acho que ouvi mais do que falei.
As pessoas precisam de falar.
As pessoas precisam de expiar.
As pessoas precisam de rematar.


Da última vez que fui buscar catateres para a minha bomba, enganei-me e trouxe uns com um fio (tubo) muito comprido. De manhã estou sempre emaranhada - sinto-me presa logo de manhã.

Disse ao meu irmão:
- Eu ainda não tive tempo para pensar sobre as consequências de estar sempre ligada a uma máquina
Ele disse:
- Se fosse eu, teria mantido as injecções.
Suspirei eu:
- Tenho saudades do meu psicologo.

Pela primeira vez em meses, senti-me um bocadinho saturada, irritadiça com a bomba.
Acho que foi por causa da extensão do tubo.

Tenho uma televisão e um rapaz está a dizer que sim com a cabeça.

E se ele tivesse uma bomba e uma avó doente, como será que ele fazia?
Estas pessoas assim, com tão bom aspecto, com um aspecto inteligente, sabem o que querem na vida, sabem coisas que eu não sei, sabem tanta coisa.

Amanhã é segunda e eu não vou usar vestido.
Por causa da bomba.

Pelas 12h30 eu verifico como estou.
Se afinal gostava de estar antes com um vestido.

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