quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Na minha ingenuidade sem fim, eu às vezes tenho que me calar

Eu tinha 17 anos, era uma daquelas festas da escola secundária que havia na ericeira e vinhamos no autocarro para casa.

Eu vinha ao lado do Pedro, eu já gostava muito dele.

Ele estava bêbado, eu estava só contente por estar sentada ao pé dele.

O Pedro começou a cantar o Running to stand still dos U2 e, nessa altura, os U2 eram importantes para mim.
Ele disse:
- Não achas esta música bonita?
Eu disse que sim, toda contente por um bêbado estar a falar comigo, com o seu halito podre para cima de mim, prestes a vomitar.
Ele tocou-me na cara e encostou-se a mim, deu-me a mão.
Eu retraí-me e perguntei:
- Porque é que estás a fazer isso?


Estava ali a lavar a loiça e a tentar lembrar-me da resposta dele, mas não consigo.
Nem sei porque me lembrei deste episódio.
Sei que eu queria mesmo saber a razão pela qual ele se estava a aproximar - acho que era por causa do alcool.
E, em caso de duvida, pergunta-se.

Pergunta-se: posso gostar de ti mais do que devia?
Pergunta-se: posso ser sincera e usar o coração no lugar da boca quando falo contigo?
Pergunta-se: posso perguntar-te estas coisas todas?
Pergunta-se: posso saber porque estás a fazer isto?
É que às vezes podes ter bebido demais.

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