Já por duas vezes reparo que as pessoas olham para a minha cara toda, para o cabelo que a rodeia, para as orelhas e óculos e mais não sei bem para onde. Sei que desviam o olhos dos meus, e quase que parece que se distraem do que estou a dizer e olham para mim.
Bom, ocorreu-me que isso pode estar relacionado com o facto de não dares notícias.
Porque repara, e isto é tragi cómico, sinceramente dá-me vontade de rir, porque repara (até tenho que parar para rir um bocado).
Repara que enquanto não olhaste para mim, mantinhas contacto frequente.
E depois de olhares, é o que se vê.
Nem uma prova de vida.
Eu bem sei que me foge o pé para o drama e que promovo e crio o floreado do enredo, sei que tendo a analisar tudo errado, a esquecer pormenores como "só passaram uns dias" ou "não és importante para ele" ou ainda "não te parece que ele deve ter mais que fazer?" mas mesmo assim, mesmo assim (e agora já não estou a rir tanto) mesmo assim dou por mim a pensar, é inevitável que não o faça, que tu olhaste para a minha cara. Eu vi.
Até sei dizer a esquina onde isso aconteceu.
Eu há bocado fui até ver-me ao espelho mas a luz da minha casa de banho é muito fraca.
Será que tenho muitos pêlos faciais? Eu não sei se és dos que liga a essas coisas...
Será que se nota a quantidade brutal de cabelos brancos? Talvez tenha parecido uma criatura demasiado estranha, velha e criança ao mesmo tempo...
E estes dentes amarelos?
Não sei o que viste porque também não mo dizes.
Eu não entendo nada.
(dou por mim distraída, às vezes durante o dia, a abanar a cabeça e encolher os ombros e a murmurar: não entendo)
Ou se calhar até entendo mas não quero aceitar.
Sinceramente, eu queria até dizer-te isto tudo, percebes?
Mas assim não sei, parece-me que não queres ouvir.
Não me quero impor, não acho correcto e queria manter alguma dignidade altiva, não ser a mesma tola desbocada de sempre.
Por isso pega nesse teu não-gostar e leva-o para longe da minha cara porque eu não sei fingir que isso não me deixa triste.
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