Não sei bem nem o que fazer, nem o que pensar, nem o que concluir dos últimos acontecimentos.
Para já, e porque me parecia o melhor a fazer (não tenho muito boas ideias aos domingos), despachei o que tinha a fazer e vesti o casaco como se fosse fugir de casa - o plano era andar a pé o tempo que fosse preciso para expulsar este demónio em mim, o demónio do desespero apático.
Assim fiz, andar a pé é uma coisa que gosto mesmo a sério.
E quando digo às pessoas que gosto de andar a pé, quase que me apetece auto mutilar-me para mostrar a importância que isso tem na minha vida, gosto tanto de andar a pé que até me cortei com esta lâmina para chamar a tua atenção, interlocutor-que-só-acenaste-desinteressadamente-quando-eu-disse-que-gostava-de-andar-a-pé.
Nem tinha chegado ao fundo da rua quando percebi que não iria chegar a conclusão nenhuma - sim, eu ainda tinha a ilusão de poder entender alguma coisa da vida andando a pé 300 metros.
Depois, vou dar à Igreja de São Domingos.
Quero acender uma vela.
Torna-se vital que eu acenda uma vela a algum dos santos.
Percorro toda à volta da igreja: São Domingos, não me parece, tenho alguns problemas com os dominicanos, Nossa Senhora do Rosário é fraquita, preciso de alguém mais especial, Senhora do Carmo idem, Santo António nem vale a pena explicar, São Francisco... Francisco de Assis, Clara de Assis, gosto de ambos mas estou em paz com o que ensinam, é outra coisa...
Começo a ficar comovida - duas jovens sofisticadas olham para mim devem estar a fazer turismo antropológico - presto-me ao papel de devota, na realidade sou mesmo uma devota.
Chego a Senhora de Fátima.
É a campeã das velas.
Tem velas de lâmpada e velas de cera.
Parece-me bem.
Acendo algumas com 20 cêntimos.
Peço só assim: ajuda-me, por favor.
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