quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Vou amar-te para sempre, Nick Drake

Sou mimada.
Sou mimosa.
Sou adocicada como uma acácia infestante.

Deve ser por isso que fiquei triste quando as minhas colegas de trabalho, uma após outra, foram saindo sem me desejarem que tudo corresse bem amanhã.

Tinha-lhes explicado que ia fazer uma infiltração e, porque sou mimada e carente, achei que elas iam dizer ao sair:

Então bom fim de semana e espero que corra tudo bem amanhã.

Mas nenhuma delas o fez.

Quando a ultima a sair fechou a porta, eu ainda pensei em ir atrás dela e dizer:

Olha, eu gostava que me dissesses que amanhã vai correr tudo bem.

Mas não fui.

Fiquei antes a pensar como eu era uma criança tonta e que não tinha razão nenhuma para ficar triste com este tipo de coisas.

No final do dia, sairam os últimos leitores.
Disse-lhes, de propósito:

Então bom fim de semana
.

Começaram a brincar e depois perguntaram-me se eu não vinha amanhã.

Vou fazer uma infiltração de cortisona.

(Confesso que senti a minha voz a tremer. Estava nervosa por saber que estava a fazer um teste, um experiência infantil sobre parvoíces, sobre mim, as pessoas e as doenças)

Um deles perguntou onde, o outro porquê.

Aqui na região lombar à direita, porque tenho uma doença reumática auto-imune.

Foi então que um disse, com certeza porque não percebeu o que queria dizer auto-imune (apesar de conseguir citar o Habermas e esses merdas, não percebe o que quer dizer auto-imune):

E então devemos começar a trazer uma máscara para aqui?

Eu não percebi à primeira, tive que perguntar:

Trazer o quê?

Uma máscara, trazer uma máscara para aqui.

Ri-me.
Quer dizer, não foi bem rir, foi mais um sorriso daqueles que os sábios fazem quando estão cansados de tanta estupidez confundida com ingenuidade e disse:

Não, basta que sejam mais simpáticos para mim.

Sem comentários: